“27 Noites”, novo longa argentino já disponível na Netflix, lança um olhar mordaz sobre como o envelhecimento pode servir de pretexto para tirarem voz e patrimônio de quem ousa viver com autonomia. A direção de Daniel Hendler confina a trama em uma clínica psiquiátrica, mas o verdadeiro cárcere nasce do preconceito.

    O filme coloca Martha Hoffman, filantropa de 80 anos apaixonada por arte, no centro de um embate que vai além das paredes da instituição. Se você acompanha o Resumo de Novelas e gosta de produções que cutucam feridas sociais, provavelmente vai se interessar pelo caminho tortuoso percorrido por essa protagonista.

    Trama de 27 Noites questiona limites entre cuidado e controle

    Martha destina grande parte de sua fortuna a jovens artistas, atitude considerada extravagante pelas filhas, vividas por Carla Peterson e Paula Grinszpan. Para impedir que o dinheiro “desapareça”, elas declaram a mãe incapaz e solicitam a internação em um hospital psiquiátrico, onde cada dia se torna uma batalha moral.

    Entra em cena o perito judicial Casares, interpretado pelo próprio Hendler. Sua missão é decidir se Martha realmente sofre de instabilidade ou se é vítima de um complô familiar. Ao investigar, ele descobre um sistema que rapidamente rotula comportamentos fora da curva como doença mental — sobretudo quando há cifrões em jogo.

    Martha Hoffman, arte e autonomia

    A personagem recusa-se a ser silenciada. Entre sessões de avaliação e conversas afetuosas com jovens internos, Martha expõe as fissuras no discurso de “proteção” usado pela família. A cada noite — das 27 que dão título ao filme — o público testemunha a luta de uma mulher que prefere arriscar a sanidade oficial a renunciar à liberdade.

    Elenco e direção potencializam emoção do drama argentino

    Marilú Marini domina a tela com uma interpretação que alterna sarcasmo e fragilidade, lembrando o espectador de que lucidez não se mede apenas por protocolos clínicos. As filhas, apesar de motivadas pela ganância, surgem humanas, evitando vilanias caricatas e reforçando a sensação de realismo.

    Hendler mantém a câmera próxima dos atores, transformando diálogos em verdadeiros duelos verbais. Luzes frias e paleta suave ampliam a sensação de confinamento, enquanto algumas cenas alongadas permitem que o silêncio diga tanto quanto as palavras. Ainda assim, o tempo de 1h40min sustenta o ritmo sem cansar.

    Vale colocar 27 Noites na lista?

    Se dramas que misturam crítica social e emoção fazem parte do seu radar, “27 Noites” merece lugar na fila de reprodução. O filme entrega reflexões sobre envelhecer com dignidade e alerta para abusos que muitas vezes passam despercebidos dentro de casa. Já adicionou à sua lista?

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