O Prime Video estreia Tremembé, produção que volta ao crime que abalou o país em 2008: a morte da menina Isabella Nardoni. Sem reencenar cada detalhe do homicídio, a série joga luz sobre o período em que o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, cumpriram pena na penitenciária que dá nome à obra.
A proposta é mostrar as dinâmicas diárias do chamado “presídio dos famosos” e a forma como crimes hediondos reverberam entre os detentos. Para quem acompanha Resumo de Novelas, trata-se de um mergulho dramático que mistura fatos documentados e licença poética, sempre centrado na figura de Nardoni.
Tremembé: do crime à condenação
Na noite de 29 de março de 2008, o porteiro Valdomiro da Silva ouviu um estrondo no Edifício London, Zona Norte de São Paulo. Ao sair, encontrou Isabella, de 5 anos, caída no gramado. Alexandre Nardoni alegou invasão ao apartamento, mas a perícia descartou a versão: não havia sinais de arrombamento e a tela de proteção do quarto fora cortada.
O laudo do Instituto Médico Legal indicou estrangulamento. Agredida e asfixiada, a criança foi arremessada do sexto andar. Em março de 2010, um júri popular condenou o pai a 31 anos e um mês, e a madrasta a 26 anos, por homicídio triplamente qualificado e fraude processual.
Alexandre permaneceu no complexo de Tremembé até 2019, quando alcançou o regime semiaberto. A progressão para o aberto pode ocorrer em 2025. Anna Carolina deixou a cadeia em 2023 e cumpre pena em casa, sob regras judiciais.
Imagem: Prime Video.
Os bastidores de Tremembé na tela
No drama televisivo, Lucas Oradovschi assume o papel de Nardoni, enquanto Bianca Comparato encarna Jatobá. O roteiro prioriza a convivência atrás das grades, examinando a cumplicidade do casal, que, até hoje, sustenta a mesma narrativa de inocência. A série sublinha esse pacto de silêncio sem romantizar os condenados.
Desafios de interpretação
Oradovschi relata ter buscado um equilíbrio entre humanidade e brutalidade: representar um personagem visto como símbolo de crueldade sem cair na caricatura. Comparato, por sua vez, enfrentou hostilidade fictícia semelhante à que mulheres condenadas por crimes contra crianças costumam sofrer, recurso que reforça a tensão dramática de Tremembé.
Com base em livros e reportagens, a produção evita julgamentos fáceis e convida o público a pensar sobre culpa, negação e passagem do tempo. Tudo isso sob a ótica particular do presídio que se tornou palco de um dos casos mais comentados do noticiário brasileiro.
