Uma produção baseada em fatos reais costuma prender a atenção do público, e Ângela Diniz: Assassinada e Condenada não foge à regra. A minissérie da HBO Max reconstrói o assassinato da socialite mineira, ocorrido em Búzios, e o turbulento julgamento que se tornou símbolo da luta feminista no Brasil.
Com roteiro inspirado no podcast Praia dos Ossos, o título encara de frente a polêmica “defesa da honra”, estratégia que permitiu pena branda ao réu. No Resumo de Novelas, explicamos por que essa história continua tão atual.
Os bastidores de Ângela Diniz: Assassinada e Condenada
Nascida em Belo Horizonte e dona de personalidade livre, Ângela Diniz decidiu viver em Búzios após se separar e cuidar sozinha de três filhos. Lá, iniciou relacionamento intenso com o empresário Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street.
Em 30 de dezembro de 1976, depois de discussão na casa de praia, Doca disparou quatro vezes contra a companheira, causando morte imediata. O caso chocou o país não só pela brutalidade, mas também pelo status social do casal, visto como sinônimo de glamour da época.
O julgamento que entrou para a história
Três anos depois, em 1979, o réu enfrentou o tribunal. O advogado Evandro Lins e Silva sustentou que o crime ocorreu em “legítima defesa da honra”. A tese convenceu o júri, resultando em pena de dois anos, parcialmente cumprida. A decisão indignou movimentos feministas, que adotaram o slogan “Quem ama não mata”.
Imagem: HBO Max
Do clamor popular à revisão da pena
A pressão social levou a um novo júri em 1981. Dessa vez, a alegação de defesa da honra foi rejeitada, e Doca Street recebeu 15 anos de prisão. Embora tenha obtido liberdade antes de cumprir a sentença integral, o resultado marcou o fim do uso recorrente desse argumento nos tribunais.
Ângela Diniz: Assassinada e Condenada destaca como imprensa, sociedade e sistema judicial transformaram a vítima em ré. Ao revisitar o episódio, a série reforça o debate sobre violência de gênero e mostra que, quase meio século depois, o Brasil ainda luta para garantir justiça igualitária.
