Quem abre a Netflix neste domingo, 19, provavelmente se depara com A Vizinha Perfeita entre os títulos mais vistos. O documentário, dirigido por Geeta Gandbhir, virou assunto nas redes e deixou muita gente sem ar.
Em pouco mais de 90 minutos, a produção reconstruz um crime real ocorrido em 2023, na cidade de Ocala, Flórida, sem recorrer a dramatizações ou narração. O resultado é um retrato frio e implacável de como tensões cotidianas podem escalar rumo à tragédia.
O caso real que motivou A Vizinha Perfeita
A história gira em torno do assassinato de Ajike “AJ” Owens, mãe negra de quatro filhos, baleada pela vizinha Susan Lorincz após meses de pequenos desentendimentos sobre barulho e espaço comum. Lorincz alegou legítima defesa, amparada pela lei Stand Your Ground, que autoriza força letal diante de suposta ameaça.
O documentário apresenta vídeos de câmeras policiais, ligações para o 911, interrogatórios e registros de moradores para mostrar, sem filtros, como a investigação tratou as duas mulheres de forma desigual. Sem locução ou trilha dramática, o filme força o público a confrontar suas próprias percepções sobre racismo e medo.
Montagem tensa e impacto imediato na audiência
A edição, assinada por Viridiana Lieberman, alterna momentos de silêncio com explosões de tensão. Chamadas de emergência, gritos e o som do disparo aparecem logo nos primeiros minutos, mantendo o ritmo acelerado até o fim. Essa opção por um tom quase clínico evita o sensacionalismo, mas torna cada detalhe ainda mais perturbador.

Imagem: Netflix.
Desde a estreia, A Vizinha Perfeita figura entre os filmes mais assistidos da plataforma. No catálogo de true crime, já há quem compare seu impacto ao de títulos consagrados do gênero. O Resumo de Novelas destaca que a honestidade da narrativa, aliada ao debate sobre leis controversas, contribui para a repercussão.
Por que o filme prende tanta atenção?
Sem depoimentos em off nem reconstituições elaboradas, o longa aposta na força do material bruto. Quando fotos de Owens com os filhos surgem na tela ou Lorincz responde calmamente às autoridades, a distância entre vítima e agressora fica evidente, revelando um sistema que escolhe quem merece empatia.
Diante desse retrato, o público sai com uma pergunta incômoda: até onde vai a responsabilidade de quem apenas chama a polícia? Não há respostas prontas, mas o debate está lançado — e deve manter A Vizinha Perfeita no topo da Netflix por mais alguns dias.