Lançado em 2022, o filme A Mulher Rei conquistou plateias ao retratar um batalhão formado só por mulheres africanas. Logo surgiram dúvidas: aquele exército existiu ou foi invenção de Hollywood?

    A resposta passa pela história real de A Mulher Rei. O longa se apoia nas Agojie, guerreiras do antigo Reino do Daomé, atual Benin, que aterrorizaram inimigos no século XIX e ainda hoje despertam fascínio.

    Origens e poder das Agojie

    A história real de A Mulher Rei começa por volta do século XVII, quando os monarcas do Daomé criaram unidades femininas para proteger o palácio. Esse grupo cresceu até reunir cerca de 6 mil combatentes na década de 1840, durante o reinado de Ghezo.

    Visitantes europeus, impressionados com a disciplina e a ferocidade das tropas, chamaram as guerreiras de Amazonas do Daomé. Elas atacavam vilas na calada da noite, traziam cabeças de inimigos como troféu e se organizavam em divisões de atiradoras, arqueiras, espadachins e caçadoras de elefante.

    O que o filme mudou e o que manteve

    Viola Davis interpreta Nanisca, generala fictícia, enquanto Thuso Mbedu vive Nawi, jovem recruta. Há registros de guerreiras com esses nomes, mas não há provas de que tenham comandado o exército. Já o rei Ghezo, papel de John Boyega, existiu de fato e libertou o Daomé da tutela do Império Oyo em 1823.

    No roteiro, Nanisca pressiona Ghezo a trocar o tráfico de escravos pela produção de óleo de palma. Documentos mostram que o monarca cogitou essa mudança em 1852, após a pressão britânica, mas retomou o comércio de pessoas logo depois. Assim, o longa simplifica a complexa relação do Daomé com a escravidão, apresentando as Agojie como heroínas absolutas.

    Na vida real, as guerreiras eram esposas simbólicas do rei, proibidas de casar ou ter filhos. Muitas foram recrutadas à força ainda meninas e submetidas a rituais de iniciação brutais, aspecto apenas citado de passagem no filme.

    A última combatente reconhecida, também batizada Nawi, faleceu em 1979 com mais de 100 anos. Pesquisadores como Leonard Wantchekon destacam que recuperar a história real de A Mulher Rei ajuda a revelar o protagonismo feminino apagado pelo colonialismo.

    Para quem quer ir além da ficção, o Resumo de Novelas lembra que a história real de A Mulher Rei continua tão empolgante quanto qualquer superprodução de Hollywood.

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